sábado, 3 de outubro de 2009

4 ANOS SEM EMILINHA, por Jannaina Costa



Há 4 anos - em 03 de outubro de 2005 - com 82 anos, nos deixava Emilinha Borba, uma das mais famosas cantoras da Era do Rádio, que alcançou o recorde de 75 capas da Revista do Rádio, publicação que a elegeu Rainha do Rádio em 1953. A data foi relembrada em uma Missa realizada, hoje, na Igreja da Lampadosa, no Rio de Janeiro.

Emilinha participou de dezenas de filmes da Atlântida (estúdio carioca que produzia chanchadas entre 1941 a 1983). Segundo o próprio site dela, até 1995, a cantora era a personalidade brasileira que mais tinha sido capa de revistas no país (350 vezes).

Tudo começou quando era ainda criança e se apresentava em programas de calouros no rádio. Aos 14 anos, na Rádio Cruzeiro do Sul, ganhou seu primeiro prêmio. Pouco tempo depois formou sua primeira dupla, As Moreninhas, com Bidu Reis.

Seu primeiro álbum foi gravado em 1939, pouco antes de ser contratada para cantar no Cassino da Urca, com o apadrinhamento de Carmem Miranda. Depois, passou uma temporada no Cassino Atlântico. Porém, foi na Rádio Nacional que teve seu emprego mais duradouro, somando 27 anos de trabalho.

Emilinha imortalizou a marcha carnavalesca “Chiquita Bacana” (1949), de João de Barro e Alberto Ribeiro. Entre seus maiores sucessos também estão “Se Queres Saber”, “Escandalosa”, “Cachito”, “Dez Anos”, “Baião de Dois” e “Paraíba”. De 1939 a 1964, gravou cerca de 117 discos e 216 músicas.

Neste mês de outubro, o programa “Histórias do Frazão” na Rádio Nacional faz uma série de homenagens à cantora.

O programa vai ao ar aos domingos, de 9h às 11h, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro (1.130 Am), e pode ser ouvido, ao vivo, pela Internet em todo o planeta em www.radiobras.gov.br/estatico/radio_nacional_rj.htm .

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Divina


Considerada uma das maiores intérpretes da Música Popular Brasileira, Elizeth Cardoso era reverenciada pela crítica e pelo público. Começou a cantar aos dezesseis anos, convidada para um teste na Rádio Guanabara, por Jacob do Bandolim.
Apresentou-se no Programa Suburbano ao lado de grandes nomes, já consagrados na música, como Aracy de Almeida e Noel Rosa. A Divina – título dado por Haroldo Costa – se destacou como intérprete de choro e samba-canção junto com Maysa e Nora Ney. Mais tarde passou a cantar bossa nova, gênero musical que sucedeu o samba-canção.
Mas foi no ano de 1951 que Elizeth Cardoso emplacou o seu primeiro sucesso, Canção de amor, de Chocolate e Elano de Paula. Tornando-se capa da Revista do Rádio, edição do dia 24 de julho de 1951.

A preferida no gosto popular, por Nilton Belinho

Segundo uma pesquisa realizada pelo IBOPE, em 1956, na cidade do Rio de janeiro, a Revista do Rádio alcançou o segundo lugar na preferência do público, sendo superada apenas pela Revista “O cruzeiro”. O resultado de seu sucesso baseava-se em um fato bastante relevante que contava a seu favor. Suas edições provocavam uma reação quase que imediata no público, contribuindo para que torcidas organizadas, como as de Emilinha Borba e Marlene vibrassem e se defrontassem pelos corredores da Rádio Nacional.

Segundo o portal http://www.carosouvintes.org.br/, os diálogos dos fãs acabavam sendo transportados diretamente para as páginas da Revista do Rádio, especificamente, na seção “Mexericos da Candinha”

“Você viu como a Emilinha está linda na capa da Revista?”.
“Que bonita que nada, simpática mesmo é a Marlene!”

E os fãs da revista não restrigiam suas opiniões às cantoras do rádio, também faziam comentários sobre seus programas favoritos:

“Programa bom é o do César de Alencar”.
“Pois eu prefiro o do Manoel Barcelos”.

“O programa de auditório do Paulo Gracindo é chato”.
“Mas no Balança, mas não Cai o Gracindo é um ótimo primo rico”.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A vida dos artistas sempre foi o ponto central das páginas de fofoca. A Revista do Rádio, na década de 1960, já se inspirava no mundo das celebridades


Qual não seria a surpresa de um internauta, habituado a acessar endereços eletrônicos de páginas de fofoca como http://www.ofuxico.com.br/ e http://www.natelinha.com.br/, ao abrir uma Revista do Rádio da década de 1960 e encontrar a seção “Mexericos da Candinha”?!

Se o canal não é o mesmo, o conteúdo, este sim, parece muito semelhante. Os leitores daquela época, assim como os internautas de hoje, também buscavam conhecer a vida social das celebridades.

A Revista do Rádio n° 651, do dia 10 de março de 1962 trazia na capa a vedete Angelita Martinez ao lado de sua filha, ainda pequena. A manchete, no canto direito da capa disparava para quem quisesse ler: “Angelita Martinez quer que sua filha seja vedete”.

Como se a provocação não fosse o suficiente, a seção “Mexericos da Candinha” da mesma edição alfinetava:

“Gostei muito do Rui Cavalcanti, mas gostaria muito mais se ele não fizesse tanta maquiagem. (Você de moreno que é chega a ficar cor de rosa, amor!)

“Vagareza e Ilza Rodrigues andam preocupados com um problema muito sério: a queda de cabelos”

“Virginia Lane reapareceu na televisão bem mais gordinha. (Mas é bom parar por aí Virginia).”

domingo, 27 de setembro de 2009

Uma vida familiar para Elvira Pagã

Jornalista e professora de comunicação pela UFRGS, Doris Fagundes Haussen desenvolveu um artigo intitulado “A Revista do Rádio através de seus editoriais (década de 50)” que pode ser acessado pela página http://www.locutor.info/Biblioteca/Revista_do_Radio.pdf.
Nesse trabalho, ela relata um fato curioso que demonstrava uma tentativa da revista em evidenciar uma vida “família” para a Vedete Elvira Pagã, adepta do nudismo. Na seção da revista n° 222, “Minha casa é assim”, foram publicadas uma série de fotos da artista, vestida, mostrando a sala, o quarto e a cozinha, terminando no banheiro com a vedete enrolada em uma toalha, dentro da banheira, junto a uma bolsa de crocodilo, descrita como “para guarda de pertences de banho”.

Depois da Revista do Rádio, outras revistas se especializaram em retratar a programação da TV e a vida pessoal dos artistas.

Se antes, revistas dedicadas ao público de rádio demonstravam um certo tom de formalidade, cabe lembrar que a Revista do Rádio tornou-se a primeira publicação irreverente especializada neste veículo. Inaugurou o filão das fofocas, uma nova tendência que ganhou força nas publicações que visavam retratar o mundo de personalidades em destaque nos meios de comunicação.
As Revistas "Amiga" e "Fatos e Fotos" publicadas pela Block Editores, entre as décadas de 1980 e 1990, são bons exemplos de publicações que se especializaram em focar a vida pessoal de artistas, principalmente dos que se encontram em cena nas telenovelas.

Antes da Revista do Rádio, outra famosa publicação já se destacava por fazer a divulgação da programação da Radio Nacional

Nos anos 30, a Revista “A Carioca” já poderia ser considerada como precursora da Revista do Rádio. A publicação, juntamente com outras daquela época, funcionava como órgão oficial de divulgação da Rádio Nacional, pertencente ao governo.
Ela retratava, formalmente, os bastidores do rádio. Produzia comentários e entrevistas com os atores de radionovela.
Aldo Cardoso, de 68 anos, era ouvinte da Radio Nacional, e lembra que ainda menino acompanhava os seriados “O anjo”, “Gerônimo, o herói do sertão”, e “O cavaleiro da Noite”, e diz que a revista “A Carioca” prestigiava seus leitores por meio de reportagens com os principais interpretes das vozes da Rádio Nacional, dentre eles, Álvaro Aguiar, Milton Rangel, Daisy Lúcidi e Roberto Faissal.